quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Rebelião da casa de detenção Carandiru

No dia 2 de Outubro de 1992,a rebelião dos presidiários da casa de detenção do Carandiru,foi reprimido pela invasão de tropas da polícia militar e resultou na maior chacina da história das penitenciárias brasileiras:a morte de 111 detentos.

Na manhã de 2 de Outubro,os presidiários jogavam futebol,durante o jogo ocorreu um desentendimento entre dois detentos,causado pela disputa de espaço no varal do segundo pavimento do pavilhão9.''Barba'' pendurava sua roupa,quando foi provocado verbalmente por ''Coelho'',''Barba'' acertou um soco em ''Coelho'' que,logo em seguida,utilizou um pau que escorava o varal para acertar a cabeça de "Barba'' que logo foi socorrido por agentes penitenciários,sendo levado para enfermaria,''Coelho'' é levado embora.O portão que dá acesso ao segundo pavimento foi trancado pelos guardas,o que causou a reação dos presos que quebram a fechadura e iniciam o tumulto.O tumulto cresce,um agente penitenciário grita pra que o alarme seja acionado.Pelo telefone da guarita,o PM Leal comunica o batalhão da guarda que há rebelião no pavilhão9.

As 13:50 carcereiros tentem apartar sem sucesso a rebelião.As 14:00 os carcereiros já haviam abandonado o local,o pavilhão9 estava dominado pelos presos para o acerto de contas entre eles.O coronel Ubiratan Guimarães,comandante do policiamento metropolitano,ficou sabendo dos acontecimentos na casa de detenção por meio do rádio(COPOM),que se reúne com os juízes Ivo de Almeida e Fernando Antônio Torres para avaliar a situação.Autoridades Superiores ao Cel-Ubiratan avaliam a necessidade de uma invasão a casa de detenção.As15:30,a tropa de choque,sob o comando do Cel-Ubiratan,estaciona do lado de fora da muralha.De acordo com o ministério público,apesar do lado de fora grande tumulto não havia perigo de fuga,com a chegada da polícia militar,os presos começaram a jogar facas e estiletes para fora,demonstrando que não resistiriam a invasão.Antes da invasão do pavilhão9,o diretor da casa tenta uma última negociação,entretanto soldados do grupo de ação tática especiais quebram o cadeado e correntes do portão do pavilhão.Não houve negociação,as tropas da polícia militar afastaram do caminho,e o Dr-Pedroso invadiram o pavilhão9 sob o comando e instrução do Cel-Ubiratan as 16:30,ação que seguiu até as 18:30,325 policiais militares entraram sem crachás e insígnias,depois a maioria dos presos refugiou-se nas sua celas,onde muitos deles foram mortos.Os PMs dispararam contra os presos com metralhadoras,fuzís e pistolas semi-aumáticas,visando principalmente o tórax e cabeça,também foram usados cachorros para atacar os detentos feridos.Ao todo foram encontrados 111 detentos mortos:103 vítimas de disparos(512 tiros ao todo)e 8 morreram por objetos cortantes.Não houve policiais mortos,houve ainda 153 feridos,sendo 130 detentos e 3 policiais.

Após o massacre,policiais destruirão provas valiosas,atividades do perícia foram dificultadas pela quantidade de cadáveres e pela faxina feita no presídios pelos policiais militares e a remoções ilegais dos corpos.A perícia chegou no local ás 21:30 e observou corpos empilhados no corredor,a perícia só voltou uma semana depois.A perícia concluiu que só 26 detentos foram mortos fora de suas celas.Os exames de balísticas informaram que um detento tinha 15 perfurações de arma de fogo.Laudos também provaram que vários detentos estavam ajoelhados ou deitados,quando foram atingídos,entre os 103 mortos,á cabeça foi alvo de 126 balas,o pescoço de 31,as nádegas de 17,e os troncos de 223 tiros,muitos se deitavam juntos aos corpos para sobreviver.

A policia afirmou que os detentos apresentou dezenas de armas brancas e 13 de fogo.O laudo do instituto de criminalística concluíu que não houve nem um vestígio de balas na parede de dentro pra fora e sim de fora pra dentro,não houve confronto entre policiais e detentos.O relatório termina com a afirmação que não foi possível elaborar conclusões mais profundas,porque o local dava nítidas demonstrações que fora violado,tornando-o inidônia para a perícia.

www.dhnet.org.br/direitos/militantes/cavallaro/carandiru.html




Curiosidades

Significado da palavra Carandiru:

Origem: Tupi-guaraniCombinação das palavras CARANDÁ + IRU:"Abelha da carnaúba"Carandá = Carnaúba (espécie de palmeira) + Iru = AbelhaFonte: Prof. John Monteiro (Unicamp)
"Recipiente feito de carandá"(Carandá = Carnaúba + Iru = Recipiente)Fonte: Luis Caldas Tibiriçá (Traço Editora)

Significados pelo aspecto histórico"Onde os ratos são dilacerados "Fonte: Depoimento dado ao produtor-executivo,Fabiano Gullane, em visita à Penitenciária (15/11/2000)

"Prisão indígena similar à senzala dos negros"Em 1967, a Sra Maria da Penha realizou pesquisa sobre a história do bairro de Santana e constatou que, no local onde situa-se o Carandiru, existiu uma fazenda. Constatou, também, resíduos preservados de uma senzala. Fonte: Penha – Diretora da Penitenciária Feminina da capital.

http://www.br.com.br/portalbr/calandra.nsf#http://www.br.com.br/portalbr/calandra.nsf/0/884CE6D12B5C414703256DAD004B1203?OpenDocument&SCinema

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